quarta-feira, 21 de abril de 2010

Receitas provenientes do dia de jogo

"Caros amigos sócios. Neste texto eu pretendo abordar um tema de grande interesse para todos nós. Basicamente, estarei tratando da criação de diferentes tipos de receitas para o Clube. Um tipo em especial, o matchday.

Em termos objetivos, o matchday é toda a receita que pode ser obtida pelo clube com os gastos dos torcedores dentro do estádio. Inclui ingressos, alimentação e venda de artigos/produtos diversos. Para se ter uma noção de quão proveitosa para o clube pode ser essa modalidade de receita, temos o exemplo do Manchester United que lucra 127,7 milhões de euros por ano, o que representa 39% de toda a receita anual desse Clube.*Fico até constrangido, quando tento calcular o quanto o Vasco da Gama lucra nesta modalidade. Seria até mais fácil escrever, se eu tivesse algum tipo de acesso aos contratos ou a algum levantamento do clube, mas eu duvido que isto exista.

De que forma isso tudo afeta o sócio do Vasco? Pois bem, o investimento nesta categoria de receita representa uma maior disponibilidade de serviços oferecidos pelo clube aos seus torcedores, serviços no qual o sócio tem prioridade.

Há de se ressaltar que a lógica de um estádio de futebol mudou. Nos dias de hoje, o torcedor não vai apenas assistir ao jogo. O torcedor precisa chegar duas horas antes e sair duas horas depois. O clube precisa investir bastante criando uma estrutura de serviços que atenda ao torcedor, caso contrário não obterá receitas dos torcedores.

Por exemplo, facilitar a compra de ingressos é uma forma de aumentar as receitas do matchday. Apesar dos pequenos avanços nessa área, é de se espantar que um clube de futebol ignore a venda de ingressos pela internet. Na verdade, o clube parece ignorar qualquer espécie de venda de ingressos. Em qual cinema ou teatro, para comprar ingresso, a pessoa tem que enfiar seu braço num buraco e ficar gritando na tentativa de ser ouvido? Algumas bilheterias de estádios de futebol são assim. Constrangedor.

Seguindo neste ponto, no site oficial do Vasco da Gama – diga-se de passagem, recém lançado - não existe uma página específica para informar aos torcedores sobre como fazer a compra. Não consta no referido site nenhum mapa explicativo, ensinando com chegar ao Estádio de São Januário, e até para achar o endereço do Estádio se gasta algum tempo. O Vasco tem muito o que avançar nessa questão, a qual tem efeito negativo muito grande sobre torcedores não residentes no Rio de Janeiro e, também, sobre os turistas (estes, inclusive, têm alto grau de consumo).

Além disso, a parte de alimentação é fundamental. Tudo bem, antigamente havia o Habbib´s (ainda há). Mas não é preciso muito tempo para se descobrir que aquilo ali não é nem de longe o ideal para um Estádio com capacidade para pouco mais de 20 mil torcedores. Precisa-se de mais, de maior oferta e melhor qualidade. Conseqüentemente, até os altos preços dos alimentos não parecerão tão altos.

Algo extremamente necessário é a revisão, ou pelo menos a inspeção dos atuais contratos de prestação de serviços que são executados nos dias dos jogos. É fundamental que, por ocasião da assinatura, a Diretoria do Vasco tenha a real dimensão de quão lucrativa pode ser essa modalidade de receita, se bem explorada.

Visto isto, se a empresa Habbib´s paga 300 mil por ano para estampar sua marca na camisa do time do Vasco da Gama, imaginem o que ela paga ao Clube para vender seus produtos dentro do Estádio.

A construção da mega-loja da Penalty no Estádio é algo muito bom, mas as receitas dessa loja estariam na forma de receita de marketing e não de matchday. Mas isso não impede que o clube disponibilize pequenos estandes com produtos do clube, o que já ocorre, mas de forma muito precária. Atente-se que ficaria muito mais fácil vender produtos oficiais dentro do Estádio, se não existisse uma ampla e não-combatida venda de produtos piratas na porta de São Januário.

Além disso, a construção de um museu (nada mais justo para o time que tem a mais bela história dentre todos), somado ao Restaurante já existente e à loja da Penalty; tudo isso poderia da viabilizar economicamente o Estádio em dias sem jogos e colocar São Januário como um ponto turístico de nossa Cidade.

Obviamente, se isso tudo fosse feito, o Vasco não lucraria 127,7 milhões de euros por ano, que são 12 milhões de reais por jogo. Mas teria dado um passo muito importante na fidelização de seu torcedor, que é um consumidor, tendo como conseqüência um aumento expressivo no número de sócios.

Afinal, crer que o torcedor não vai ao estádio por que o time está jogando mal é leviano. O torcedor brasileiro, em especial o vascaíno, deixa de ir ao estádio por causa das revoltantes condições da estrutura do futebol nacional. Mas isso é assunto para outro post....até mais.



* As cifras utilizadas aqui foram retiradas do blog Olhar Crônico Esportivo de Emerson Gonçalves. Para mais informações ver: http://colunas.globoesporte.com/olharcronicoesportivo/2010/03/05/a-divisao-e-a-importancia-do-equilibrio-das-receitas-%e2%80%93-uma-visao-sobre-os-top-10/ "

Por: Rodrigo Salgado

/+/ SÓCIOS UNIDOS PELO VASCO /+/

5 comentários:

  1. Muito bom o texto, isso se chama modernidade, e São Januário precisa urgentemente ser modernizado...

    Tirando São Paulo e Internacional que parecem que sabem muito bem explorar os seus estádios comercialmente, os demais clubes brasileiros estão muito atrazados nesta questão...

    Parabéns pelo Texto.

    Pauliran

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  2. EXCELENTE TEXTO. RETRATA BEM A REALIDADE DO NOSSO AMADO CLUBE.
    INFELIZMENTE ALGO QUE ACONTECE COM FREQUENCIA PREJUDICA O CLUBE: A VENDA DE PRODUTOS PIRATAS NO ENTORNO DO ESTÁDIO. ISSO É ALGO QUE O CLUBE DEVERIA, EM PARCERIA COM OS GOVERNOS ESTADUAL E MUNICIPAL, TRABALHAR PARA ELIMINAR. A PIRATARIA SOMENTE RETIRA DINHEIRO DO CLUBE.

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  3. Sobre a venda de produtos piratas, chega a ser engraçado. Ao lado da loja do vasco, uma parede repleta de produtos piratas. Como isso?

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  4. ótimo texto. Já estive no bar-restaurante do morumbi, onde reservei ingressos e uma mesa por telefone. Vimos o jogo do bar chamado Santo Paulo que se localiza no setor das cadeiras, atras do gol. Ao lado do bar fica uma mega loja que só vende produtos oficiais do clube e alguns troféus em exibição assim como belas fotos relacionadas ao time.

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  5. É pessoa, o Vasco precisa melhorar em tudo. Incrível como estamos atrás dos demais clubes grandes do Brasil. Fica muito difícil esperar que um público com poder aquisitivo freqüente São Januário se a baderna habitual no Estádio, nos dias de jogos não for resolvida ou alguma coisa for feita nesse sentido. A propósito, quem esteve no último jogo (Vasco x Corinthians-PR) teve um experiência desagradável: filas gigantescas, tumulto, empurra-empurra, cambistas, torcedores nervosos e irritados, torcedores indo embora, enfim uma bagunça total. Então, como conseguiremos fazer esta espécie de receita em dias de jogos se não resolver estas questões. Com um agravante, muitos que estiveram neste jogo, vão ficar muito tempo ser ir novamente a São Januário. Ou alguém acha que estes torcedores vão querer passar por este "perrengue" novamente. O Vasco está perdendo muito dinheiro. E a cada dia perde mais. Responsabilidade com o patrimônio do torcedor, Diretoria, mais responsabilidade. A Administração do Vasco tem errado muito. É preciso acertar nisso rapitamente.

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