"Caros amigos sócios. Neste texto eu pretendo abordar um tema de grande interesse para todos nós. Basicamente, estarei tratando da criação de diferentes tipos de receitas para o Clube. Um tipo em especial, o matchday.
Em termos objetivos, o matchday é toda a receita que pode ser obtida pelo clube com os gastos dos torcedores dentro do estádio. Inclui ingressos, alimentação e venda de artigos/produtos diversos. Para se ter uma noção de quão proveitosa para o clube pode ser essa modalidade de receita, temos o exemplo do Manchester United que lucra 127,7 milhões de euros por ano, o que representa 39% de toda a receita anual desse Clube.*Fico até constrangido, quando tento calcular o quanto o Vasco da Gama lucra nesta modalidade. Seria até mais fácil escrever, se eu tivesse algum tipo de acesso aos contratos ou a algum levantamento do clube, mas eu duvido que isto exista.
De que forma isso tudo afeta o sócio do Vasco? Pois bem, o investimento nesta categoria de receita representa uma maior disponibilidade de serviços oferecidos pelo clube aos seus torcedores, serviços no qual o sócio tem prioridade.
Há de se ressaltar que a lógica de um estádio de futebol mudou. Nos dias de hoje, o torcedor não vai apenas assistir ao jogo. O torcedor precisa chegar duas horas antes e sair duas horas depois. O clube precisa investir bastante criando uma estrutura de serviços que atenda ao torcedor, caso contrário não obterá receitas dos torcedores.
Por exemplo, facilitar a compra de ingressos é uma forma de aumentar as receitas do matchday. Apesar dos pequenos avanços nessa área, é de se espantar que um clube de futebol ignore a venda de ingressos pela internet. Na verdade, o clube parece ignorar qualquer espécie de venda de ingressos. Em qual cinema ou teatro, para comprar ingresso, a pessoa tem que enfiar seu braço num buraco e ficar gritando na tentativa de ser ouvido? Algumas bilheterias de estádios de futebol são assim. Constrangedor.
Seguindo neste ponto, no site oficial do Vasco da Gama – diga-se de passagem, recém lançado - não existe uma página específica para informar aos torcedores sobre como fazer a compra. Não consta no referido site nenhum mapa explicativo, ensinando com chegar ao Estádio de São Januário, e até para achar o endereço do Estádio se gasta algum tempo. O Vasco tem muito o que avançar nessa questão, a qual tem efeito negativo muito grande sobre torcedores não residentes no Rio de Janeiro e, também, sobre os turistas (estes, inclusive, têm alto grau de consumo).
Além disso, a parte de alimentação é fundamental. Tudo bem, antigamente havia o Habbib´s (ainda há). Mas não é preciso muito tempo para se descobrir que aquilo ali não é nem de longe o ideal para um Estádio com capacidade para pouco mais de 20 mil torcedores. Precisa-se de mais, de maior oferta e melhor qualidade. Conseqüentemente, até os altos preços dos alimentos não parecerão tão altos.
Algo extremamente necessário é a revisão, ou pelo menos a inspeção dos atuais contratos de prestação de serviços que são executados nos dias dos jogos. É fundamental que, por ocasião da assinatura, a Diretoria do Vasco tenha a real dimensão de quão lucrativa pode ser essa modalidade de receita, se bem explorada.
Visto isto, se a empresa Habbib´s paga 300 mil por ano para estampar sua marca na camisa do time do Vasco da Gama, imaginem o que ela paga ao Clube para vender seus produtos dentro do Estádio.
A construção da mega-loja da Penalty no Estádio é algo muito bom, mas as receitas dessa loja estariam na forma de receita de marketing e não de matchday. Mas isso não impede que o clube disponibilize pequenos estandes com produtos do clube, o que já ocorre, mas de forma muito precária. Atente-se que ficaria muito mais fácil vender produtos oficiais dentro do Estádio, se não existisse uma ampla e não-combatida venda de produtos piratas na porta de São Januário.
Além disso, a construção de um museu (nada mais justo para o time que tem a mais bela história dentre todos), somado ao Restaurante já existente e à loja da Penalty; tudo isso poderia da viabilizar economicamente o Estádio em dias sem jogos e colocar São Januário como um ponto turístico de nossa Cidade.
Obviamente, se isso tudo fosse feito, o Vasco não lucraria 127,7 milhões de euros por ano, que são 12 milhões de reais por jogo. Mas teria dado um passo muito importante na fidelização de seu torcedor, que é um consumidor, tendo como conseqüência um aumento expressivo no número de sócios.
Afinal, crer que o torcedor não vai ao estádio por que o time está jogando mal é leviano. O torcedor brasileiro, em especial o vascaíno, deixa de ir ao estádio por causa das revoltantes condições da estrutura do futebol nacional. Mas isso é assunto para outro post....até mais.
* As cifras utilizadas aqui foram retiradas do blog Olhar Crônico Esportivo de Emerson Gonçalves. Para mais informações ver:
http://colunas.globoesporte.com/olharcronicoesportivo/2010/03/05/a-divisao-e-a-importancia-do-equilibrio-das-receitas-%e2%80%93-uma-visao-sobre-os-top-10/ "
Por: Rodrigo Salgado
/+/ SÓCIOS UNIDOS PELO VASCO /+/